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Blog Action Day - 2008 A Pobreza

Fabio Inacio - Art Inc | 13:15 | 9 comentários

O verdadeiro sentido da pobreza



"Faz muito tempo que achei esse texto e decidi compartilhar hoje..."

(notas de uma conferência especialmente preparada para o Projeto Jornal na Educação do “Diário da Região” de S. José do Rio Preto, março-2003)

Elian Alabi Lucci

Os bens materiais são, por natureza, egoístas, privados. Não enriquecem ninguém sem ao mesmo tempo empobrecer outros. Aqueles que hoje consumimos inconsideravelmente são subtraídos às gerações vindouras” (Raniero Cantalamessa)

Quando se falava outrora dos pobres, falava-se dos pobres de sua cidade, ou no máximo da cidade vizinha. Porém, devido as novas possibilidades de comunicação, o problema da pobreza tornou-se planetário: metade da população mundial vive com 2 dólares dia.

Nossa proposta é que a pobreza não se resolve com medidas ou atitudes simplistas – dar comida. Nesse sentido, basta que nos lembremos de uma canção dos Titãs na qual se diz que “o povo não quer só comida”. Isto, como diria Nelson Rodrigues, é o óbvio ululante.

Os pobres existem! E estão em toda parte. É preciso dar-se conta da existência deles. A expressão “os pobres” provoca, nos paises ricos, o mesmo efeito que nos antigos romanos provocava a expressão “os bárbaros”: confusão, pânico. Eles se empenhavam em construir muralhas e enviar exércitos para as fronteiras para vigiá-los; nós fazemos a mesma coisa de outros modos. Entretanto, a história nos mostra que tudo isso é inútil.

Nossa tendência é interpor entre nós e os pobres vidros duplos. O efeito desses vidros, hoje tão comuns, é impedir a passagem do frio e dos ruídos, tudo abrandar, fazer tudo chegar abafado, atenuado.

Com efeito, vemos os pobres que se movem, se agitam, gritam na tela da televisão, nas páginas dos jornais e das revistas missionárias, mas o seu grito nos chega de muito longe. Não penetra nosso coração. Nós nos pomos ao abrigo deles.

Com o tempo, infelizmente, nos acostumamos a tudo, inclusive,a miséria alheia. E ela não mais nos impressiona tanto e nós aacabamos por considerá-la inevitável.

No relatório 2000/2001 sobre o Desenvolvimento Mundial dedicado ao tema do combate a pobreza, podemos observar paradoxalmente que nunca se produziu tanto e em nenhum momento se aplicou tanta ciência para a produção de bens e serviços e, apesar disso, 2,8 bilhões de pessoas, ou seja, quase metade da população mundial, vivem com menos de 2 dólares/dia.

Em nosso país, o BIRD, que trabalha com dados oficiais do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estimava em 2002 o número de pobres em 54 milhões, dos quais 22 milhões eram indigentes.

O que podemos fazer efetivamente de concreto pelos pobres pode resumir-se em três palavras: amá-los, tratá-los com dignidade e socorrê-los.

Amar os pobres significa principalmente respeitá-los (é notório o preconceito contra os pobres, que são sistematicamente preteridos, digamos, no serviço público ou na vida em geral...) e reconhecer sua dignidade, sobretudo hoje quando, na sociedade globalizada em que vivemos, não se respeita de uma forma geral a dignidade da pessoa. Ela é apenas considerada como um comprador em potencial por aquilo que ela pode consumir e obviamente dar lucro.

Os pobres não merecem apenas nossa comiseração e compaixão (“Coitadinhos, como sofrem!!”) também merecem nossa admiração. Eles vivenciam a humanidade em situações limite. Do mesmo modo que no rally se testa o automóvel em condições extremas, os pobres vão a fundo nas capacidades do ser humano.

Hoje, porém, não basta mais a simples esmola. Existem muitos outros modos de fazer os próprios bens servirem aos pobres. Um dia, um rico industrial italiano, procurou uma irmã de clausura para lhe pedir um conselho. Tenho muito dinheiro e não sei como fazer para ajudar os pobres e se preciso dar-lhes - como Cristo indicou - tudo o que tenho. A irmã pediu um dia para pensar. No dia seguinte disse ao industrial: “Tens dinheiro disponível neste momento, então amplia a tua indústria e dá mais emprego aos operários”. A verdade é que não basta dar (dar ticket, dar comida, dar uma renda mínima) é preciso amar, ou seja criar condições para que eles possam realizar-se. É disto que os excluídos mais precisam.

A Idolatria do Dinheiro – Raiz de Todos os Males

A raiz de todos os males, que nos assolam hoje, sobretudo a grande desigualdade social e por conseqüência a extrema pobreza de grande parcela da população está no enorme valor que se dá ao dinheiro.

O mundo de hoje proclama aos quatro ventos: tudo é possível para quem tem dinheiro. E, num certo nível, todos os acontecimentos a nossa volta parecem confirmar essa máxima.

Karl Marx, que fez uma das análises mais penetrantes do dinheiro, fala da onipotência alienante do deus dinheiro. Também Shakespeare arremete pesadamente contra ele, o deus Mamon, como é conhecido o dinheiro, quando diz: “Metal maldito, tu, prostituta comum da humanidade, que semeias a discórdia entre os povos”. Antes deles ainda, já o poeta pagão Virgílio falava da “execrável sede do ouro”. Enfim, por trás de todos os males da nossa sociedade encontra-se o dinheiro; ou pelo menos encontra-se também o dinheiro. Para que isto não perdure e um novo modus vivendi seja legado às próximas gerações é mister “educar para o dinheiro”, para o reto uso do dinheiro.

Para isto, uma das palavras que precisa ser resgatada e posta em prática por nações, empresas e pelas pessoas é sobriedade. Sobriedade indica a capacidade de moderar-se, usar sensatamente as coisas, temperança.

São Francisco, reconhecido universalmente como o “pai dos pobres”, pondo-se contra o capitalismo incipiente em sua época falava aos quatro ventos da boa pobreza e da má pobreza. A boa pobreza é sermos pobres de coisas e ricos de virtudes, enquanto a má pobreza, pelo contrário, é ser rico de coisas e pobre de virtudes. E hoje o pensador Jean-François Revel, diz que infelizmente, quando se diz que alguém é virtuoso é chamado de hipócrita. È assim que se vê a virtude em tempos de globalização onde o que importa é ter dinheiro para ter poder: poder de compra e de mando. E exatamente por conta desta globalização financeira podemos dizer que estes brados de revolta são impotentes. O deus dinheiro, por assim dizer, ri-se de tudo isso.Uma crítica profícua da onipotência do dinheiro só se pode fazer conhecendo outra ordem de riqueza, uma instância superior que o relativiza e o julga.

Um grande negociante inglês, ao final de um artigo que escreveu sobre o dinheiro, e que acabou se constituindo em seu testamento intelectual, dizia assim: “O dinheiro é uma coisa que mancha e o único modo para não se deixar manchar por ele é usá-lo honesta e generosamente. Devo considerá-lo como meio de fazer o bem aos outros e não em função da minha exclusiva felicidade e segurança. Eu sou um simples administrador para usar os talentos e riqueza obtida e quando da minha ida, serei julgado sobre a minha administração e não sobre a minha riqueza. Não posso servir-me do dinheiro para contratar um advogado melhor para fins escusos ou para corromper um juiz, mas para deixar um testemunho de uso digno e correto dos bens que recebi em vida”.

Caberia agora, a guisa de conclusão, relembrar um oportuno princípio de Pascal sobre as três ordens de grandeza nas quais o homem pode realizar-se: a ordem material dos corpos, a intelectual e a sobrenatural, da santidade.

Um abismo – prossegue Pascal - separa essas várias ordens do mesmo modo que um abismo separa os três reinos da natureza: mineral, vegetal e animal. As riquezas materiais nada acrescentam nem suprimem ao gênio que atua num plano diferente. As grandezas materiais como as intelectuais nada acrescentam nem suprimem ao santo que pertence a uma outra ordem e tem por testemunha o próprio Deus, não os olhos ou as mentes dos curiosos. Alguns, conclui Pascal, só sabem admirar as grandezas carnais como se não houvesse as intelectuais; outros, só admiram as intelectuais como se na ordem da sabedoria não houvesse outras realidades infinitamente mais elevadas.

Fonte: Elian Alabi Lucci

Editora Mandruvá



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9 comentários

  1. Oi Fabio!
    Fantástico este texto do Elian Allabi Lucci. Tenho vários livros de Geografia de sua autoria. A pobreza é uma das maiores feridas do ser humano causada pela extrema desigualdade social que passamos não só em nosso país, mas em escala planetária. O que o autor enfoca no seu texto é certíssimo, as pessoa colocam barreiras para não enxergar o que está ali do lado. Não enxergando a miséria não precisam fazer nada para mudar esta situação. Parabéns pelo post!
    Um abraço.

  2. Olá Fábio,
    obrigada pelo comentário no Alma Poeta viu.
    Realmente tem muita coisa que não ficamos sabendo por tras deste lamentável conflito. Obrigada por expor sua opnião! Adorei.
    Um grande beijo meu amigo!

  3. Anônimo says:

    Afora a profundidade do texto, quero agradecer ao Prof. Elian, ao Prof. Melhem Adas, dentre outros, que muito me influenciaram, através dos seus livros escolares, para que eu me tornasse geógrafo. Abraços.

  4. Olá! Publicarei nesta Quinta-Feira. um post que considero polêmico: PAI RICO, PAI POBRE - QUEBRAM AS BOLSAS MUNDIAIS. Gostaria de contar com o prestígio do seu comentário sobre este post em nosso Blog.

  5. Olá meu amigo!
    Há quanto tempo não nos falamos, não é? Sinto falta das suas notícias no diHITT.

    Hoje estou em uma visita especial.
    Feliz Natal para você e toda a sua família! Que este ano que se aproxima chegue para todos nós trazendo muitas alegrias! Obrigado pela sua amizade! Sucesso, Amor, Saúde e Paz! Luz! Renato (HappyBlue)

    ps1. Deixei presente para você em meu blog neste link abaixo:http://quiosqueazul.blogspot.com/2008/12/quiosque-azul-awards-2008.html
    Uma mensagem em uma árvore de letras e uma lembrança de natal também aqui:http://quiosqueazul.blogspot.com/2008/12/feliz-natal-2008.html
    Torço para que goste e fique feliz! Fique com Deus!
    ps2. Amanhã começam as minhas férias. Sempre que possível dou uma "escapada na inter” para matar saudades. Volto com a "corda toda" por volta do dia "10 de Janeiro”. Deixei alguns posts programados. O Quiosque Azul não vai "parar", ok? Mais Felicidades! Mais Luz! Mais Amor! Deus abençoe!

  6. Bom dia querido amigo Fabio!

    Feliz 2009! Desejo que as experiências próximas de um Ano Novo lhes sejam Construtivas, Saudáveis e Harmoniosas. Muita Paz, Saúde e Amor em seu contínuo despertar! Felicidades, Realizações e Muitas Alegrias! Luz!

    Aproveito para deixar um convite...
    Gostaria de te convidar para um “Momento de Paz”, uma Blogagem Coletiva pela Paz Mundial, que acontecerá durante todo o mês de janeiro (01/01 a 31/01/09). O objetivo maior é comemorar o Dia Mundial da Paz e da Fraternidade Universal, com uma mobilização em forma de campanha para um Mundo Melhor. Faça parte deste grupo que acredita que é possível que a humanidade encontre o caminho da Paz, através do abandono das armas. Reconheça este estado de calma e tranqüilidade com ausência de perturbações ou agitação. Todos nós somos e devemos viver como irmãos e a Paz, representada pelo pombo e pela bandeira branca, é um objetivo de Vida!

    Geralmente uma Blogagem Coletiva é um convite direcionado somente para quem tem um blog ou um site em qualquer plataforma da internet. O Quiosque Azul, o meu blog, convida também a todos que não possuem qualquer portal e queiram participar divulgando e colaborando para a Paz Mundial através do formulário de comentário ou e-mail que relaciono ao final desta mensagem. Por favor, participe, divulgue e colabore! Comunique e convite os seus amigos e/ou leitores. Toda e qualquer colaboração será bem vinda! Veja todas as instruções de como participar no link abaixo:

    http://quiosqueazul.blogspot.com/2008/12/momento-de-paz.html

    Desde já agradeço e desejo que esta mobilização alcance o seu maior objetivo e seja uma grande soma para União de todas as Nações.
    e-mail para blogagem Quiosque Azul:
    happyblue.blogagemcoletiva@gmail.com

    Blog Quiosque Azul – Um Lugar em Minha Vida!
    http://quiosqueazul.blogspot.com/

    Link direto para esta blogagem na Comunidade do diHITT
    http://dihitt.com.br/quiosqueazul/noticia/blogagem-coletiva-momento-de-paz-/

    Agradeço também se puder colocar a imagem do selo oficial (pequeno), aqui em sua side-bar (barra lateral), em forma colaborativa de divulgação desta Campanha pela Paz Mundial: “Momento de Paz”. Obrigado! Luz! Renato (HappyBlue)

  7. Joana says:

    Passe pelo meu blog http://ideiaespirita.blogspot.com
    Tem um presentinho para si.

    Um abraço
    Joana

  8. Unknown says:

    Oi Fábio, pq tá sumido??? Deixei um selo pra vc lá no meu blog, vê se aparece, abraços.

  9. Anônimo says:

    A pobreza material é circunstancial - o que devemos solucionar é a pobreza de espírito.